Qual a importância da diversificação na construção de portfólios sustentáveis e resilientes?
A diversificação como estratégia
Imagine que você foi convidado para assistir a uma corrida de cavalos onde são permitidas apostas. Você apostaria tudo em um único cavalo ou dividiria seus recursos apostando em diferentes alazões? Se a chance de cada cavalo ganhar for a mesma e não houver influência do resultado de um cavalo no resultado de outro, a estatística nos prova que a probabilidade seria a mesma e a resposta “tanto faz”.
No mercado financeiro, entretanto, as coisas não funcionam como no nosso cenário fictício das apostas em cavalos. Os ativos, via de regra, reagem de maneira e com probabilidades diferentes aos vários eventos do dia-a-dia. Além disso, movimentos de um influenciam de diferentes formas e com diferentes intensidades os movimentos dos outros. Diante disso, como é possível reduzir o impacto dessas incertezas nas carteiras de investimentos? A forma mais comum para reduzir o risco de um portfólio é a diversificação.
A diversificação é uma técnica de redução de risco e maximização de retorno através do investimento em diversos instrumentos financeiros que reagem de diferentes formas aos movimentos do mercado. Em outras palavras, ter uma carteira composta por diversos ativos faz com que o risco diminua e a possibilidade de retorno aumente. A fórmula parece simples, mas não é. Montar uma carteira com ativos que sejam capazes de reduzir o risco do portfólio ao mesmo tempo em que aumenta a possibilidade de retorno requer alguns cuidados. Simplesmente aumentar a quantidade de ativos na carteira pode não trazer os benefícios da diversificação, e pior, pode prejudicar os resultados.
Em quais cavalos apostar?
Voltamos para o nosso turfe, onde as apostas estão prestes a serem encerradas. O apostador se depara com o seguinte dilema: em quantos e em quais cavalos apostar? Como os seleciono? Simplesmente pela minha intuição? Trazendo isso para a realidade dos investimentos, o gestor deve estar se perguntando: como monto meu portfólio? Quantos ativos minha carteira deve ter? Existe alguma forma de selecioná-los de forma a ter um portfólio menos arriscado e com maior possibilidade de retorno?
Diversas pontos devem ser analisados para responder essas perguntas: objetivos, horizonte de investimento, propensão a risco, entre outros. A resposta a cada um desses pontos vai variar de investidor para investidor, mas um aspecto é comum: para que uma carteira se beneficie da diversificação, os ativos que a compõem devem possuir baixa correlação. Diversificar eficientemente a carteira não significa ter aplicação em diversos fundos ou instituições financeiras, mas sim em ativos que reajam de forma diferente às perturbações do mercado. Dessa forma, é essencial que essa carteira tenha ativos pós-fixados, prefixados e indexados a índices de preços, além de ações, investimentos em infraestrutura, ativos florestais, imóveis, entre outros. Ponderar esses ativos para montar um portfólio é uma tarefa árdua e trabalhosa, mas certamente os resultados serão compensadores.
Conclusão
A diversificação é uma importante estratégia de gerenciamento de risco que proporciona redução de volatilidade. Cabe lembrar, entretanto, que não há como eliminar o risco completamente. Quanto mais desafiadores forem os objetivos, maior será ser o risco assumido. O grande perigo não é assumir o risco, é assumi-lo sem conhecê-lo.
- Daniel Sandoval é mestrando em Economia pela Fundação Getúlio Vargas – FGV-SP, possui MBA em Mercado de Capitais pela FIPECAFI-USP e pós-graduação em Administração de Empresas com ênfase em mercado financeiro pela Fundação Getúlio Vargas – FGV-SP. Possui certificação Certified Financial Planner – CFP® pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e Certificação de Especialista em Investimento Anbima – CEA.